maio 21, 2010

Bar embargado em Leça por estar a menos de 50 metros da Casa de Chá de Siza Vieira


O arquitecto Álvaro Siza Vieira diz não ter ficado satisfeito nem insatisfeito com o embargo da construção do bar da Praia da Senhora, que se encontra a menos de 50 metros da Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, Matosinhos. "Satisfeito ficaria se as câmaras actuassem como manda a lei, no que diz respeito à regulamentação relativa à protecção dos monumentos nacionais", sublinha. E recorda que a Casa de Chá da Boa Nova é o único monumento nacional de arquitectura contemporânea do Norte do país.

Percebe-se, portanto, que Siza Vieira não gostou de ver ali construído o bar de praia. "Não tenho que gostar nem deixar de gostar, o edifício [Casa de Chá] está classificado e eu não tenho que concordar com isso", começa por dizer o vencedor do Prémio Pritzker de 1992, considerado o "Óscar da Arquitectura". Mas vai acrescentando que a Casa de Chá "está ali há quase 50 anos" e que "a implantação do bar não faz sentido: sobrepõe-se à imagem" do monumento, argumenta.

Por outro lado, admite que é contra, por princípio, a construção de bares na praia. "Em Copacabana ou em Santa Mónica não há construções na areia. A areia é para as pessoas. As praias de Leça estão a ficar carregadas de bares e restaurantes - não é preciso: do outro lado da rua há restaurantes e bares", enfatiza. E tampouco concorda com a solução, admitida pela Câmara de Matosinhos, de substituir o bar embargado por uma estrutura amovível, provisória. "É sempre um "provisório-definitivo"", comenta.


É muito difícil acreditar que qualquer colaborador do Arq. Siza tenha tomado uma decisão desta importância sem o consultar!!

A câmara é a principal entidade reguladora deste tipo de intervenção no território. Mesmo que este equipamento estivesse previsto no POOC a câmara tem assento na elaboração do plano e podia-o ter contestado no devido momento.

O que acontece neste momento é que continuamos sem perceber qual é a posição da CMM sobre a localização deste bar! Este é o problema fundamental. Os responsáveis pela gestão da câmara estão baralhados, confusos, perdidos nas causas, valores e princípios.

Mesmo chegando ao ponto em que se encontra o processo, com embargo, com as declarações objectivas do Arq Álvaro Siza Vieira, com noticias nos jornais, a CMM não tem, ainda, consciência do atentado ao património e ao território/paisagem que estão a cometer.



1 comentário:

Jose Castro disse...

Não é de estranhar que ninguém se entenda em Matosinhos.

A administração do município também não se entende com ninguém: nem com os vizinhos (Porto, Trofa, Vila do Conde, Maia, etc) nem com as instituições locais (APDL, Metro, etc) nem com a administração central (promete tudo cumpre coisa nenhuma).

O único entendimento é o do compadrio para a permanência no poder, da negociata de patrocínios para as promessas eleitorais, e do licenciamento torpe e corrupto à hambúrguer americano.
Tudo às despesas do matosinhense

É esta a administração local que temos.